sábado, 21 de maio de 2016

Como me tornei mãe aos 20 - Capítulo 5

   Como falei no post anterior, eu e o C ficamos por um tempo em uma "amizade colorida"  mas essa relação foi atrapalhada pelos sentimentos. Ainda existia muita atração, mas os sentimentos e as magoas eram muito presente e aos poucos começamos a nos afastar novamente, porém nessa mesma época iria acontecer um show da banda Malta em uma cidade próxima e tanto eu quanto ele queríamos muito ir, o show era patrocinado pela empresa em que uma colega minha da faculdade trabalhava, e por sorte ela ganhou dois ingressos e me deu, nossa, fiquei muito feliz, parecia destino, claro que como eu sabia que o C queria ir, logo o convidei, resolvemos colocar as diferenças de lado e curtir o show juntos como amigos.
   No dia do show, tudo foi simplesmente maravilhoso, mesmo eu dizendo que não ia rolar nada além de amizade, o C me surpreendeu com um beijo na frente de todos, por um momento pensei que talvez fossemos voltar mas não quis forçar a barra, apenas aproveitei o momento, e foi uma noite muito legal.
   Alguns dias depois do show, me toquei que minha menstruação estava atrasada no mínimo uns 5 dias, o que era muito estranho porque eu tomava pílula e sempre descia certinho, com isso tomei coragem e fiz um teste de farmácia, no início pensei ter dado negativo o que seria um alívio, mas vi uma segunda linha muito clarinha e já soube que era positivo, fiquei em choque e liguei para o C, que não gostou nada da ideia, nenhum de nós estava preparado para ter um filho, tínhamos 19 anos, ainda começando a faculdade e ganhávamos muito mal. Passamos por uma fase intensa de negação, fiz vários teste e o exame de sangue que fez a minha ficha cair. Depois de muito chorar resolvi contar pra minha mãe, eu fiquei com medo da reação dela porque além de tudo ela e meu pai estavam em fase de separação, ela já tinha tanta coisa pra se preocupar e agora eu ia dar mais uma, no entanto ela me surpreendeu, me deu alguns sermões mas também disse que estaria do meu lado e me ajudaria em tudo que eu precisasse, realmente ela me ajudou muito, me levou numa obstetra que ela conhecia, comecei a fazer os primeiros exames pré natais, e enquanto isso minha relação com o C só piorava, eu já estava aceitando melhor a gravidez, mas o C não aceitava de jeito nenhum, falava coisas que eu prefiro nem lembrar mas que me machucaram muito, por um lado me sentia feliz pelo meu filho mas por outro sofria porque pensei que depois do que houve no show eu e o C pudesse ter uma segunda chance, mas com toda a história da gravidez e logo quando eu mais precisava dele, ele se afastou e me machucou muito. Tudo era muito confuso mas resolvi focar na minha gestação, e ai começou mais uma etapa de tristeza, na primeira transvaginal o médico não viu nada, na segunda só foi visto o saco gestacional e só na terceira pude ver o bebê e ouvir seu coração, mas comecei a ter sangramentos, a angustia só crescia, eu sofria em silêncio, era muita coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo, porém ao menos o C começou a se reaproximar e me dar forças pra passar por aquele momento, mas em uma segunda-feira, depois do C ter passado o dia todo cuidando de mim eu até estava confiante que mesmo sangrando meu bebê estaria bem e poderíamos cuidar do nosso filho juntos, mas ai as coisas começaram a se complicar novamente, o sangramento aumentou e fui correndo pra maternidade, além da demora no atendimento, a negligência também se fez presente, pois mal me examinaram, eu sangrava muito e tudo que fizeram foi me mandar de volta pra casa e continuar tomando o remédio que a minha médica já havia passado.
   Assim que cheguei em casa senti vontade de ir ao banheiro, pensei que fosse fazer xixi mas na verdade era o meu bebê, senti algo escorregar e quando olhei para baixo vi uma bola grande de sangue sair e tive certeza de que era o meu bebê, sofri demais, chorei muito, e chorei ainda mais quando tive que avisar ao C o que tinha acabado de acontecer, por sorte minha mãe é técnica em enfermagem e me ajudou, eu não queria ir pro hospital e ela respeitou minha decisão.
   No outro dia o C foi a minha casa antes de ir trabalhar, levou uma caixa de chocolates e pediu desculpas por ter surtado um pouco ao saber da gravidez, e ficamos bem um com o outro como amigos. Na mesma semana eu me mudei com minha mãe, fomos morar numa cidade próxima e combinei com o C de que assim que o sangramento passasse eu o avisaria para que ele me encontrasse e fossemos juntos fazer uma ultra transvaginal para ver se estava tudo bem. E assim se passou 12 dias de sangramento e muita tristeza, mas o fato de estar em outra cidade, longe de tudo que me lembrava meu bebê ajudou a amenizar o sofrimento. Logo que parou, liguei para o C, e fomos no dia seguinte fazer a ultra, eu meio que no fundo ainda tinha esperança de que meu filho ainda podia estar lá, mas o aborto espontâneo só foi confirmado, a médica disse que estava tudo bem, eu tinha expelido tudo que devia, só meu útero que segundo ela ainda estava com aparência gravídica, ou seja eu não tinha como eu engravidar novamente até a próxima menstruação que era quando eu deveria voltar a usar o anticoncepcional, não houve restrição para voltar a ter relações e no mesmo dia a noite eu e o C tivemos uma recaída, faltava pouco para o natal e ele me chamou pra passar na casa dele, e nos dias que fiquei lá também acabou rolando. Tudo ia bem parecia que talvez fosse existir uma chance pra nós dois, passamos o ano novo juntos, porém fomos nos afastando novamente, eu estava iniciando em um novo emprego e cuidando de me adaptar a nova vida em outro lugar, ele também andava ocupado e mal nos falávamos, até que percebi que estava demorando muito pra minha menstruação descer, tudo ocorreu em Dezembro e já era fim de Janeiro e nada, perguntei a minha mãe e ela disse ser normal e que o aborto podia ter me deixado desregulada, mas eu sentia que tinha alguma coisa diferente no meu corpo, eu não achava que era possível, contudo resolvi arriscar e fazer um teste de farmácia e lá estavam minhas duas risquinhas de novo.

Esse foi o post de hoje, espero que estejam gostando da minha história. E para aquelas que desejam assim como eu, compartilhar suas histórias basta enviar um e-mail para contesuahistoria.blog@gmail.com

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